quinta-feira, 28 de maio de 2015

tudo já foi dito
nem tudo lido
por isso insisto
em recontar o mito

segunda-feira, 11 de maio de 2015

tenho pensado na forma como eu me relaciono e me relacionei com a música desde a infância. não foi um aprendizado utilitário, um desenvolvimento objetivo de habilidades técnicas. a música e a forma como eu me envolvi com ela teve um papel específico na formação da minha personalidade. não só em termos de sociabilidade, dos amigos, das experiências. mas a forma como vi o mundo e como o concebi tem relação direta com minha musicalidade. não foi uma relação apenas em termos musicais, essa forma de comunicar-se com as materialidades e imaterialidades do mundo foi além, uma espécie de filosofia do compositor, do inventor de si, do criador de atmosferas. foi (e é?) um tanto isso, uma ambientação para entender o mundo. não no presente imediato, mas como uma predição, uma antecipação reservada em memória musical. como se viesse à tona, antes da consciência, essa pulsão anímica da poesia musicada. fatalmente em noites, ou após o almoço, enquanto observava o passeio. a forma como Bob Marley se expressa musicalmente chama a atenção de modo semelhante. não é um homem que articula raciocínios complexos, mas a força criativa de sua poesia é precisa, é sintética, tem um saber muito próprio, sem tradução.