sexta-feira, 29 de abril de 2011

as turbulências me conformam
enquanto plano absoluto
sobre os milagres diários.
o violão resta calado.
sua corda rebentada
enforca um gato
no fundo da sala.
música de mundo cão.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

abstenção



o abismo nunca é suficiente ao pulo
e também o salto quase nunca é digno do tombo
talvez porque o assombro é sempre maior
com a fragilidade ou a paralisia
em movimento os reparos são possíveis
onde o presente é a ruína remontada do passado
numa planta fria e calculada de futuro
não nos vale o risco
como não nos vale a coragem
porque o sorriso
a vertigem a verdade e o ódio
são sempre vindouros
fogem desbaratinados do ato
preservar o pouco de espontâneo
muito menor do que legítimo
é o sonho em madrugadas fúnebres
mesmo que isso se pareça
com a sombra da fuga da lua
(oxidando cordas de um violão mudo)
rumo a um sol sempre mais eficiente
em mostrar o que só sua luz revela
ao mesmo tempo em que todo o resto esconde...
quem sabe reinventar o branco?
mas muito distante de seu sentido unívoco de paz.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

m i s t y



Se um dia entender
o que a música faz em mim
paro.




até
incompreeder de novo.

terça-feira, 12 de abril de 2011

encontrei (n)o amor
chumbo perdido.
olha o menino
jogando bola
que alegria que ele tem
sou gente grande
que é que tem isso
eu quero ir jogar também.

Paulinho Nogueira
tenho aquarelas e mágoas
entre flores e uma família sempre incompleta
incompletude como água.
laços, cacos e asperezas
pintam a leveza possível.
ontem ouvi um sonoro grilo
aqui no árido sétimo andar
não acreditei nele
ainda acho que era eu.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

r e l a t i v i d a d

o sol me desfalece
enquanto a lua amanhece
mais uma chance de ser ciclo.

fadado a trigonometria
rabisco existências
lógicas demais
entre o pi cartesiano
e o ritmo constante
do pulso galático

sonhos inumanos
correntes de ar aromáticas
envolvem o significado
das palavras
enquanto jazem inabitadas
de sentido,
verbalizadas pelo rito
inalamos a vida
sem o concreto da visão
sem a poesia do
deslumbramento.