segunda-feira, 29 de setembro de 2014

murmuro violão com os olhos fixos na janela, tateio entre a bruma e a escuridão da noite o prédio em obras que ergue-se a frente. já encobriu parte do sol e da paisagem e subirá ainda mais. no silêncio da segunda-feira fito sem trégua a construção, precária combinação de tijolos, concreto e patamares provisórios de madeira. procuro algum evento místico que me obrigue a desacreditar no progresso, uma subversão que ponha tudo ao chão, uma seita de operários, um crime ocultado no cimento, fantasmagoria qualquer. não aguento mais ver e fazer crescer esse monstro! (ao som de minhas trilhas sonoras)

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

admiro a política do mar
suspende a salobice
desfruta bobice de ser multicor
palavras de ordem e de ódio temperam as falas tecladas virtuais
as soluções destilam eficiências em linhas do tempo pré-configuradas
em carne, nem o espelho temos coragem de encarar
revolucionamos o armário, abandonamos o jeans
batemos a porta do elevador na cara do vizinho
salgamos demais o bife ou o hambúrguer de soja
praticamos yoga, desintegral
cultivamos alfaces, nos dentes
é o lado ridículo de ser sempre círculo
só o pecado não é eleito