terça-feira, 21 de dezembro de 2010

não cabiam mais frases de lua em meu peito.
por isso corri as nuvens com a noite de resto.
contemplação nua sem silêncio
ao encontro de acordes invisíveis
num violão iluminado.
embriaguez de vento cósmico
rabeira de magia que ainda me persegue
é musicar as nuvens com meus tempos
só pra não falar, ou encabular a lua
que passa ali atrás
quase despercebida
apenas dando ao ver
sua possibilidade de vigília
madrugada adentro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

l i l

tenho certa afeição
pela lisergia.
porque em determinadas experências
primitivas
as sensações não têm um nome.
tampouco as visões,
os lugares,
as escolhas,
as conversas.
como se deus não existisse,
ao comprovar-se vivo.
em longas viagens
pode-se perder o corpo
sublimar passados neuróticos
curar cânceres vindouros...
e tudo não passa de uma imagem
no centro satélite da experiência
um limite que é potência
exponencial,
o corpo.
que nos dá nome e aos astros
conforme cria e recria o ego
em obras.
sejam elas de carne,
de gozo,
ou de sal.
marítimos.
nos reconhecemos regozijando os prantos
do nascimento sempre
e para além
para a flor
ou o fruto
a semente
o porvir
algo mais que a chama,
não nos deixamos imaginar.
pura rebeldia da pele.
mesmo sem nome
mesmo lisérgica
embebida de átomos e magnificências
permanece escrava das sensações.
o chão que sempre nos persegue,
o céu que só nos ilumina
porque cremos.
em ato.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

as vezes
a sabedoria de ser pai
é perceber
a ignorância de ser filho.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Lentamente venho me apaixonando pelo teatro.
Não o que se assiste.
Esse já tenho enorme apreço há tempos.
Mas a certo teatro que se faz.
Tenho lido sobre isso,
escrito pequenas dramaturgias,
musicado cenas,
pesquisado interpretações.
É um teatro filosofia que vem se apoderando
de meu corpo
cansado do realismo do manifesto.
Parece que o mágico e o místico
condizem mais com meu personagem.
Não com minha personalidade.
Ela é cômica, irônica e ácida,
apesar da crença direcionada ao horizonte.
A um horizonte de justiça e revolução
que só parece viável
sobre um palco
marcado em pemba.
Atuados,
atuamos.