quarta-feira, 31 de agosto de 2011
terça-feira, 30 de agosto de 2011
Existe um novo mundo. Que é cínico e medíocre por dentro. Onde não existem disfarces, a trama é nosso próprio adereço. Longe de selvageria, de disputa, de seleção natural, trata-se de uma rivalidade pensada. Politicamente. E correta. E coerente e coercitiva. Que nos inibe e deturpa pelas entranhas. De repente, assumimos essa cara, mas não é algo imperceptível, ou por engano. Passamos a acreditar e depender dela. Para sermos aceitos no trabalho, nas famílias, nos lugares comuns do cotidiano. Já não nos serviam boas doses antes disso. Tudo é mais fácil por aqui, só pedreiras para quem tenta a sorte dos outros lados. Sim, porque não se trata simplesmente de mão dupla, mas de tanta coisa que tem ficado pra trás assim, nesse caminho. Não são só sonhos de civilização ou música boa e sincera em rodas de rica rima. Mas uma ineficiência, uma preguiça, uma vontade de descompensar de vez em quando. A era é de crescer, mesmo sob o teto de vidro de nosso cérebro limitadíssimo, ou da alta frequência de nossos corações já duros e desgastados. Também, depois de inventar o romantismo, o amor, a pílula e o viagra. Não poderíamos esperar pulsações rudimentares. O avanço é trôpego e cambaleante. E não se trata de uma nostalgia desesperada ou saudade da adolescência; ela sequer foi melhor, ou tão revolucionária como a dos exilados, hoje abastados, políticos nacionais. Não. Existe um mundo bom e mais fácil a nossa volta, mas é inacessível porque temos uma estrada a seguir. Ela passa ao largo de todas essa delícias proibidas. Porque embora tudo seja mais intenso, mais instantâneo, menos sólido, bom mesmo era a surpresa do que estava por vir. O friozinho aquele de não saber porque, nem pra onde... é fato, não temos certeza, mas o agora soa muitas vezes tão ou mais embrutecido do que antes do fogo; tanto mais linear (talvez até por resistência) do que antes da relatividade. (E não estou observando nada, esse texto é pura vontade de garganta engasgada). Temo o novo e o velho mundo, apenas deslumbrado com a força absurda com que me assoma o presente. Ele sorri, tem dentes brilhantes e me cedeu seu lugar num bondinho de Santa Tereza.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Hoje que um momento de solidão é fato raro pra mim, entendo porque nunca quis estudar música. Aqui, no alto da montanha, entre neblina densa, lua, violão, nostalgias soam como lampejos. Entendo daqueles primeiros dias, entre 12 e 13 anos, certa ânsia estranha. Sempre desaprendendo notas, sempre esquecendo os ditados e solfejos. Por fim, quando desisti definitivamente das aulas, descobri o que era liberdade. Sim. Liberdade. A mesma que encontro hoje com um baixo em ré e tantas ou todas as cordas e notas prontas acima e abaixo. Prontas ao toque, em suas desconhecidas casa. Despertas, excitadas, vibrando, esperando, um pouco de euforia madrugada adentro. Não sei explicar como esse toco, feito de tensão, nylon e aço, me faz voar tão longe, quando o desperto de seu sono melancólico (de dentro da capa em vias de mofo). Só vejo hoje a liberdade de ontem, ou sou tão grato e feliz hoje por essa possibilidade de ignorância. Sim, de ignorância e inocência neste trato. Nos permitimos assim e sento livre aqui, nestes poucos e raros momentos de solitude, sem pensar em nada, mas intuindo, flanando entre ritmos, dissonâncias, trastejados; um pedido de licença entre a formalidade do universo que emana em monotom de SI. Maior.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
sábado, 20 de agosto de 2011
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
tento decorar o som do vento da serra
ou o silêncio rarefeito das sombras
as nuvens mais próximas, madrugadas mais densas
tento não padecer da distância dos amigos
confesso que sigo, que sigo tentando
não morrer de fome de baixos e guitarras
digerindo toadas de viola a unhas curtas
debaixo de uma casca estilhaçada de pai bobo
dividido entre o que sou e o que venho me tornando
(conforme a seleção natural ganha vida em meus genes)
e quando absorvo tanto ar e tão puro entre as parreiras
me enveneno de uma simplicidade que não conhecia
fruto de meu raciocínio (desde pequeno) afeito e adicto ao dióxido
de meu esteio
acho que a eletricidade procura caminhos e alternativas
quando as rotas da memória cansam das reminiscências
e flertam com o estômago e as veias mais encardidas
apelando para gotas encrustadas de um sangue mais sujo
do que aquele com o qual nos vangloriamos
ante ao banquete quase soberbo do herói
perante a morte iminente (de mais um servo)
e conforme caminhamos, trôpegos mesmo,
por não crer mais na ineficiência como única ciência
somos só o grandioso e gentil fracasso
que gostaríamos de ter sido
encurvados sobre tantas perspectivas que nos reservara a vida
satisfeitos por tudo que deixamos de fazer
pela simples falta de percepção e fúria cega
quando só o que tínhamos era uma paz
tão absoluta, que não combinaria com nenhuma boa
moda ou postura de época
uma paz tingida de claras
já engomada e azeda ao sol
de uma felicidade pretensão
ou vida adiada proscrita
reescrita no verso da pele
por decifrar.
ou o silêncio rarefeito das sombras
as nuvens mais próximas, madrugadas mais densas
tento não padecer da distância dos amigos
confesso que sigo, que sigo tentando
não morrer de fome de baixos e guitarras
digerindo toadas de viola a unhas curtas
debaixo de uma casca estilhaçada de pai bobo
dividido entre o que sou e o que venho me tornando
(conforme a seleção natural ganha vida em meus genes)
e quando absorvo tanto ar e tão puro entre as parreiras
me enveneno de uma simplicidade que não conhecia
fruto de meu raciocínio (desde pequeno) afeito e adicto ao dióxido
de meu esteio
acho que a eletricidade procura caminhos e alternativas
quando as rotas da memória cansam das reminiscências
e flertam com o estômago e as veias mais encardidas
apelando para gotas encrustadas de um sangue mais sujo
do que aquele com o qual nos vangloriamos
ante ao banquete quase soberbo do herói
perante a morte iminente (de mais um servo)
e conforme caminhamos, trôpegos mesmo,
por não crer mais na ineficiência como única ciência
somos só o grandioso e gentil fracasso
que gostaríamos de ter sido
encurvados sobre tantas perspectivas que nos reservara a vida
satisfeitos por tudo que deixamos de fazer
pela simples falta de percepção e fúria cega
quando só o que tínhamos era uma paz
tão absoluta, que não combinaria com nenhuma boa
moda ou postura de época
uma paz tingida de claras
já engomada e azeda ao sol
de uma felicidade pretensão
ou vida adiada proscrita
reescrita no verso da pele
por decifrar.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
lá onde o sonho é irreal
eu tive um filho
a pensar por ele
enquanto, de forma imatura
ainda à matriz terrena pertencia,
pude ver com quase nitidez
tantos cordões
fibrosos, sanguíneos, hepáticos
irrompendo ou ajustando seu sobrevôo,
assim como o meu, já restrito.
em solo fértil jaz
sua placenta putrefeita
como adubo
a um sorriso de abutre
último alimento livre
de mágoa e de ira,
de comiseração e de dívida.
agora paga pela carne recebida
em perfeito estado,
mas em mão única
eterno retorno
ao coeficiente inexato
do humano
entre o erro e o pecado.
eu tive um filho
a pensar por ele
enquanto, de forma imatura
ainda à matriz terrena pertencia,
pude ver com quase nitidez
tantos cordões
fibrosos, sanguíneos, hepáticos
irrompendo ou ajustando seu sobrevôo,
assim como o meu, já restrito.
em solo fértil jaz
sua placenta putrefeita
como adubo
a um sorriso de abutre
último alimento livre
de mágoa e de ira,
de comiseração e de dívida.
agora paga pela carne recebida
em perfeito estado,
mas em mão única
eterno retorno
ao coeficiente inexato
do humano
entre o erro e o pecado.
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