sexta-feira, 26 de junho de 2015

partido

já não me leio
só me receio

terça-feira, 23 de junho de 2015

autoajuda para todos os gostos
limpador de para-brisas para romper a neblina de óculos
lente de contato simulador de neblina para dias de sol muy intenso
para os dois casos: tampões auriculares.

sábado, 20 de junho de 2015

eu escrevia, racionalmente, sobre poesia, quando o estrondo na janela do sétimo andar me acossou. do susto, me recompus com coração trêmulo. no instante, pensamento vácuo: um anjo não notou o vidro da janela. estou só outra vez.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

de tantos venenos e adubos inorgânicos,
hoje as flores perduram mais que os amores

ou trocamos de vaso por acreditar que assim nos aproximaremos mais do sol
ou o câncer nos devora tamanha voracidade com que fotossintetizamos as estrelas

todas as flores são plásticas
todas as falas gástricas

a acidez decompõe o sal com que nos vigiamos
a acidez é o sangue da melancolia
é o vinho dos desavisados
o distúrbio inerte da benevolência

há uma vaso florido sobre minha lápide
oculta a última frase que eu teria dito
se tivesse encontrado palavra
sem a fragilidade da língua

sábado, 13 de junho de 2015

nas madrugadas de sábado observo as festas, os jantares, as formaturas, de minha janela eletrônica. de tão farto, tenho certeza que participo. da morte de todos os costumes, da prevalência de todos os olhares. à espreita.

terça-feira, 2 de junho de 2015

privadamente

segunda, um falso perfil me adiciona
terça, um robô me telefona
quarta, um manequim se apaixona
quinta, uma câmera me aprisiona
sexta, estou em coma
de tanto saber de mim