quinta-feira, 28 de abril de 2016

imagens de inverno: travestis trocam calor, bundas quase a mostra salvo o fio de bikini, frente a porta do condomínio Alfred, portal da decadência burguesa caxiense. do outro lado da rua, na genuína kombi foodtruck dog do Quincas, um senhor com bigodes sujos de mostarda, assiste na mini tv de tubo partida desinteressante da copa libertadores da América. se ele tivesse uma boia, cruzaria a rua despido de sua jaqueta reversível, mas degusta a salsicha e o zero a zero, conformado. e com frio.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

furta-cor
furtador?
franco rancor
sem cor
de cor

domingo, 17 de abril de 2016

eu desenhava, escrevia, datava e assinava como se fosse algo pertinente. Um documento perdido. Carta do eu ao ego. Sem ressentimento, consentimento, tampouco. Dias, anos depois revi, reli, não estava lá. Não parece que seja interessante essa mania de grandeza fútil e autômata do franco atirador da caneta. Poeta do acúmulo, teórico da decepção. É a vida ali, entre gole, frase, assinatura.

La Habana, 06 de abril de 2016

sexta-feira, 15 de abril de 2016

tenho um falso esconderijo
dentro do umbigo
de quem um dia me amou
mas enquanto novelo
amo o desvelo
beijo e tempero
da avelã

segunda-feira, 11 de abril de 2016

requento uma poesia
a ver se ela dá cria
e a inspiração renasce
em balde de rica rima
(ridícula? falso brilhante)


sábado, 9 de abril de 2016

da certeza, quero a sobremesa
vou com todo desejo à maçã, mordo e ela esfarela na boca. pecado, só se for crocante
kiwi
um baguinho
recheado de kriptonita
eu tenho sonhos curtos, sonhos pequeninos, sonhos quase plausíveis, sonhos chicos, niños, realizáveis. não sei se excesso de humildade ou falta de ousadia, mas vez ou outra realizam-se. e é tanto que acordar parece pouco.
nada se cria tudo se utopia
tantas aprendizagens, do que ser e o que não ser, tudo nos ensina, e os professores as vezes moram na rua, são nossos opressores irmãos mais velhos, vizinhos que nos ensinaram a paixão pelo violão, pais que ensinaram o amor em discursos truncados. amizades efêmeras (e futebolísticas) da terceira série, namoradas que nunca nos amaram e ensinaram tanto! dia das crianças infelizes, problemas conjugais, problemas espirituais, cólicas intensas, náuseas que geraram promessas: nunca mais! para sentir, estar distraído, para aprender, atentos, talvez? o melhor professor é um estômago inquieto!
três cegonhas
dois cupidos
um bandido
estampido
silêncio

sexta-feira, 8 de abril de 2016

enxergo melhor com a neblina
é matreira
menos certeira
e me despenteia

quarta-feira, 6 de abril de 2016

luz branca do computador
branco do olho
pupila síntese
ilha

terça-feira, 5 de abril de 2016

ora infame ora atleta
à madrugada
late o poeta