segunda-feira, 1 de abril de 2019

na janela

abri um pouquinho a janela pra fazer silêncio entrar
mas a fresta, de tão pequena, fez vazar só um assobio
magro, faceiro, rápido se esparramou
entre os móveis e os vidros, travesseiros, cobertores
em todo canto, ao mesmo tempo, aquele fino ressoar
fez da minha casa um espetáculo
pra se ouvir, não pra se olhar
preso, o som nunca se extingue
embora faça o tempo girar
livre, ele foge pra longe
sem paradeiro ou quietude
é o som da juventude para quem o escutar
de novo, sempre, como se fosse na última, a primeira vez.