quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

dentro do mar
enquanto estou
tudo está
aqui e lá
no mesmo
em outro
lugar

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

lamento do asfalto

quem dera amar
o amor que valhe meu bem
apostaria tudo
vida ganhei ao relento
mas desritmado é o meu violão
o peito a tampa a caixa
retumba só o teu som

minha madeira preces faz pra rachar
abrir-se como aquele mar
vermelho é o teu rosto
emana um dia a mais bonito
entendo que te amar
é estar sem se notar
onde me escondi?
quem sabe procurar as chaves
não me deixe entrar
para não dar a chance a quem foge
onde é meu lugar?
essa cegueira é como o bem-estar

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

não adianta pedir
p'ruma estrela cair
afaste-se.
sempre espero noites mais sublimes
de dias sem cataclismos.
tenho um alcoolismo autoritário
muleta do inconformado
que nunca soube transgredir

não que não tenha tentado
o fiz (ou pensei que tivesse feito)
mas sempre nas ocasiões inóspitas

bons discursos para poucos
iconoclastia preza na garganta
vontade sempre maior que a estratégia

não basta querer para mudar um mundo
nada muda pela mão do absurdo
e esse é o conflito em que cai tudo

do que vale negar a razão se só temos ela?
o sensível só tem me desorientado
a quem eu impressiono
enquanto me decepciono?
um clic
é sempre
distância
incomensurável
(Albert Eistein)
me
inquieta
e amedronta
outra musa inspiradora

mesmo quando
desisti das notas
dos pincéis
dos romances
dos átomos
tenho o coração volátil

chove

entre lua
ou meteoros

e em estado sublime
me arrependo loucamente
de amar profundamente
esse estágio adolescente
do ser
esse fôlego duplo
que nunca me levou a nada
sequer fez alçar coragem como um Oz

mas deve ser mágico
deve por dever ser
senão já não teria honra
já não seria justo
estaria entregue

a alegria nunca se convence
de sua fecundidade
que prospera sobre a dor
da impertinência

estou certo de que tantas musas
nunca me viram
por isso não esqueceram
que poderiam (ou podem)
deslumbrar um aglomerado de células inebriadas
a tecer tapetes ou bonecos de neve
mesmo que não existam invernos ou calçadas a pisar

esse é o mistério do meteoro e do luar

domingo, 11 de dezembro de 2011

o que tenho de político
além de
perdoar a lua cheia?

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

o que penso
do progresso
enquanto sorrio
aos meus filhos
sonhos anômalos de futuro
e dito novidades aos mais jovens
como transes rarefeitos
de uma cabeça bem aparada

mas como pura aparência
que representa
perdida na própria eficiência
vaga irresponsável
tomando lugar dos mais úteis
dos indicados
dos fenomenológicos
revigorando o traçado
pré-colombiano
da cosmovisão do desastre

sem qualidade
sem sono
inapto
mas nos lugares
donde exigem-se respostas
rápidas
trêmulas
tenazes
mesmo, ou exatamente pela
improdutividade,
eclodem abundantes
retomando o ciclo
futuro-presente
"desenvolvimento"

- prazer papai
descobriram a cura
do câncer
mas não
do cancro
nem do beijo
(de traição?
seria verdadeiro)