quinta-feira, 21 de outubro de 2010

sou um gueto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

a r



Nos encontramos no mesmo lugar
em que dançávamos ontem.
Mais pesados, é verdade...
Mas hoje, neutralizamos a gravidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

a n i n a r - t e a n i m a r - t e.

Quantos sonhos e luzes de ninar
me ajudaram a chegar aqui
Sereno.

Mesmo longe de estar pronto,
saudável como uma criança mimada.

E aceito entre leões,
saboroso e deglutível como só a inocência permitiria ser...
Deitado.

Defronte ao estampido macio que é a vida
(ao menos para aqueles treinados a crer nas leveduras)
aborreço o tempo com o temor da experiência.

Contemplação carente de pálpebra.
Estável
na instabilidade do presente
e da química paciente
do desejo de paz.

Mesmo na imensidão da falta, da carência elétrica
de tantos fálicos sentidos de um filhote
imperfeito

Saboreio a canção
que se faz luz e som.
Melancolia intra-uterina

Asfixiante e necessária
ante a clarividência de mais um dia a vencer.
Rumo ao quê?
Estou tentando conquistar alguém
que não seja eu
projetado naquele corpo
donde uma alma se desprende.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

y o



Uma sombra digital permeia tudo.
E observa o quanto somos carne
Entre a matéria e o relativo
sentido de ser e estar.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Esta mania de palcos...
É sempre tão distante equalizar justificativas.
As vezes penso que escevo para ninguém.
Ou que existe um ego maior do que as pernas a satisfazer.
E são puras massagens,
letras e músicas
e figuras em giz.
Mas percebo
que carente
de olhos e ouvidos macios,
não posso deitar-me
em cama velada
sem saber-me lido
e ouvido
apropriadamente.
E o que são?
Fagulhas de estima,
apelos e atenção.
As vezes, sonego minha própria volúpia
para acreditar que nessa aventura de autoconhecer-se
através da pena se exige um olhar atento de um outro.
Este espelho rasgado, cruel e sublime
do leitor ou ouvinte,
do amante...
Que surpreende sempre por uma leitura mais apropriada,
pelo percepto de uma afinação mais plausível para nós mesmos,
escravos de uma expressão embaralhada de...
nós mesmos:
mentirosos, carentes e caóticos poetas.
Patetas e marginais, pedindo moedas, aceites e passagens
entre escombros recolhidos de vidas transeuntes
e esferas pequenas, olhos, bolas de gude, tintas, carrosséis...
onde simulamos um mundo
que é maior que nosso umbigo.
Mas nem sempre assim se mostra.
Pois ali cabe, se encaixa perfeitamente
para o descrevermos ao nosso bel-prazer,
seja mentindo em prosa e verso
seja pela discrepância com que saudamos a vida
neste buraco de carne, suor e vento
corpo que aprisiona alma
e a contém definida
e indefinidamente.
Transubstanciamos pela palavra.
Ou pelo teu olhar de leitor?