segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Esta mania de palcos...
É sempre tão distante equalizar justificativas.
As vezes penso que escevo para ninguém.
Ou que existe um ego maior do que as pernas a satisfazer.
E são puras massagens,
letras e músicas
e figuras em giz.
Mas percebo
que carente
de olhos e ouvidos macios,
não posso deitar-me
em cama velada
sem saber-me lido
e ouvido
apropriadamente.
E o que são?
Fagulhas de estima,
apelos e atenção.
As vezes, sonego minha própria volúpia
para acreditar que nessa aventura de autoconhecer-se
através da pena se exige um olhar atento de um outro.
Este espelho rasgado, cruel e sublime
do leitor ou ouvinte,
do amante...
Que surpreende sempre por uma leitura mais apropriada,
pelo percepto de uma afinação mais plausível para nós mesmos,
escravos de uma expressão embaralhada de...
nós mesmos:
mentirosos, carentes e caóticos poetas.
Patetas e marginais, pedindo moedas, aceites e passagens
entre escombros recolhidos de vidas transeuntes
e esferas pequenas, olhos, bolas de gude, tintas, carrosséis...
onde simulamos um mundo
que é maior que nosso umbigo.
Mas nem sempre assim se mostra.
Pois ali cabe, se encaixa perfeitamente
para o descrevermos ao nosso bel-prazer,
seja mentindo em prosa e verso
seja pela discrepância com que saudamos a vida
neste buraco de carne, suor e vento
corpo que aprisiona alma
e a contém definida
e indefinidamente.
Transubstanciamos pela palavra.
Ou pelo teu olhar de leitor?

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