quarta-feira, 31 de julho de 2019

de repente estava apaixonado pela Cris, sobretudo porque ela estava com seu filho ou filha quase sozinha. um marido bem pedante e cruel a maltratava. me aproximei sorrateiramente, como se pudesse esconder a vontade de acolhê-los. e mesmo próximo de minha esposa, numa espécie de festa ou jantar à beira da piscina, não escondi esse apreço. inoportuno. subitamente estava no meio de uma cidade muito caótica e cosmopolita, parecia Leblon, Champs Elysees, Baker Street, Léo dançava muito break se tornando uma atração entre os que passavam. aí aparece Tiago e um amigo, afirma que está divorciado e me convida para sairmos freneticamente pela noite. estamos perto do Brique da Redenção, logo em seguida passamos por uma espécie de boteco antigo onde vemos um cartaz de um show do Agepê. da rua é possível ver a grande banda tocando um samba clássico, duas lindas mulatas de carnaval sambam ao som: "deixa eu te amar, faz de conta que sou o primeiro". era só a passagem de som, vagamos um tanto mais pela noite à espera da hora marcada, as ruas são escuras e perigosas, o trânsita ora intenso, ora calmíssimo. acordo nessa expectativa e com a música na cabeça.
por muito tempo insisti em ser quem eu era
tarde demais decidi ser quem eu sou
o que serei, do passado já espera
futuro adiado que nunca chegou

quarta-feira, 17 de julho de 2019

o morcego, não fosse um bicho da madrugada, talvez fosse amado pela pomba.
um dia descobri que por não ter voz deveria querer cantar, por ter os dedos rígidos deveria desafiar o violão. não sei se ainda quero ou se ainda tenho forças para a teimosia. aceitar parece simples para quem conhece as regras e sabe jogar. para os desembestados, o mundo nunca girou apenas em torno do sol.
não sei competir, deficiente para essa sociedade. mutilo quem educo, embora a hipocrisia da ética afague meu ego, me ajude a dormir. crio leões como se fossem cordeiros, a poesia é seu pelo. ou couro duro. crio para o escuro como se a arte fosse necessária. não crio canalhas, cultivo párias. produtividade não me seduz, eficiência não me ilumina. prefiro a sina do enviesado, do que a culpa do penitente. sou gente, apesar de tudo. sou tosco e mudo quando o assunto exige publicidade. sou pela metade, incompleto e doce, quem dera ser rude, perfeito e tenro. um chester, um tender, um célebre sonho de juventude. já envelheci de tanto aceitar aquilo que não desejo. o que cega desdenho, o que ameaça não vejo. palco iluminado, prego no centro.