terça-feira, 30 de outubro de 2012

eu olho você me captura
musa nua sem matéria
sombra branca
entre (atre)vida
aguardo encontro
porquanto morro
atrás de um só breu
que facilite o erro
habilite a carência
como utensílio doméstico
enviesado

quarta-feira, 24 de outubro de 2012



Merde Roger!!! Não consigo mais dormir.
Só entendo a beleza
como frêmito
pulso transitório
incapacidade poética

Só entendo a beleza
como súbito
inconsciente catatônico
transformação.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

extraio
até o último frêmito
o eu objetivo
que não tem tempo
para beijar
deitar no mar doce o puro sal

eu sistêmico
rejeita coração
pulsa por complacência
ama por indiferença
cobra caro
as feridas em pus
as gonorréias
as Nefertites
as Vênus constirpadas

e nas madrugadas
qual Maria (do João)
se revela um podre poeta
com bafo parnasiano
romântico predicado
adjetivo inconformado
pela escrita não conforme
desforme?

uma coletânea de novas expressões nos espera
o armário é frondoso
as traças sequer o circundam
o perfume exala fresco
lavanda do Nepal
filosofia rarefeita
só no nível do mar
só na cidade perfeitamente
concebida para o drama
e o isolamento
para o porre do pijama
e a engomada eucaristia
do texto

não sei mais
porque não me expresso
a língua já morreu
tento crer em Dalai Lama
que toma mais cevada do que eu
que meditando alcanço a chama
o olho mágico, deus
deito e morro um terço
o resto tem compromisso as seis

terça-feira, 16 de outubro de 2012

do talento
desoriento
me lhe
de
r
rama
mente
ebuliente

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

um astro
muito maior
do que meu rastro
se dizia rei
hoje
eu o queimei

sábado, 6 de outubro de 2012

porque hoje é sábado
me inspiro nos diagnósticos
mais pessimistas sobre meu rim
tanto trabalho teve
e esse meu caráter
sarcástico e rabujento
lhe define a geografia
e as possibilidades

mesmo impuro, ele resiste heróico
ao lado de seu irmão mais velho
velho de tanto sal da vida.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

no paraíso e no retiro
de minhas expectativas
encontro certa autossuficiência
pouca ciência
reminiscência
companhias demais para um verme adicto

vim a pé de minha última morada
comprei uma bicicleta para a empregada
cuspi nos pássaros
cusparada letrada
e queros-queros
pedantes soletraram inconstitucionali...

não há constituição
não a constituição
de outra ordem penitente
isso pelo mero e eterno despudor
pelo velho e etéreo vigor
em viver as expectativas
as perspectivas mais modernas
de toda nudez
sadia e castigada
toda
mesmo calada
velada
ao meio
pelada