quinta-feira, 18 de outubro de 2012

extraio
até o último frêmito
o eu objetivo
que não tem tempo
para beijar
deitar no mar doce o puro sal

eu sistêmico
rejeita coração
pulsa por complacência
ama por indiferença
cobra caro
as feridas em pus
as gonorréias
as Nefertites
as Vênus constirpadas

e nas madrugadas
qual Maria (do João)
se revela um podre poeta
com bafo parnasiano
romântico predicado
adjetivo inconformado
pela escrita não conforme
desforme?

uma coletânea de novas expressões nos espera
o armário é frondoso
as traças sequer o circundam
o perfume exala fresco
lavanda do Nepal
filosofia rarefeita
só no nível do mar
só na cidade perfeitamente
concebida para o drama
e o isolamento
para o porre do pijama
e a engomada eucaristia
do texto

não sei mais
porque não me expresso
a língua já morreu
tento crer em Dalai Lama
que toma mais cevada do que eu
que meditando alcanço a chama
o olho mágico, deus
deito e morro um terço
o resto tem compromisso as seis

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