segunda-feira, 27 de junho de 2011

neve derreteu
antes d'eu preparar
espírito para vê-la
e água,
já não me surpreende
apesar de
toda essência

sexta-feira, 24 de junho de 2011

a neblina soa
como acalanto
em tarde fria

com o olhar
escuto a melodia
gelar alma

ontem geou
amanhã neva
hoje, conforto

sábado, 18 de junho de 2011

nada pode ser dito
a não ser
que saudade dos meus amigos!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

quando abro um figo
é o aroma do porão da nona
o gosto de terra e salame
o chão batido gelado
a geada que evapora lenta...

é um livro que leio com a boca
interpretando o passado
no presente inusitado
e adocicado da fruta.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

um sentimento
extrai o sono
é Violeta
que sobrevoa
aquilo que a alma
ainda espera alcançar
embora pareça cansada
de tanto sonhar
com as esperanças
etéreas de um lugar
onde música e vida
se fundem...
se permitem brisa e mar.
Não.
inda não é aqui
no meu peito
que vive
um homem melhor
do que o de ontem.
sou o mesmo
parado e perdido.
com a razão,
mas sensível
porque puro de coração.
embora lento de raciocínio
e trôpego
graças ao falso
estado de calamidade
da arte pela arte.

pinto sem as mãos
com as pálpebras no chão
aquilo que
dentro de mim
resistiu ao pop



corn
quando
e se
nós somos um
por que
eu te
autodestruo?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

não fui bom no que fiz
fui bom só no que fui.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

antes da lua
tem uma órbita
e antes da órbita
uma atmosfera
e dentro dela, ar
e tóxicos, verbos e refrões
e antes do oxigênio tem vidro
colado nele uma grade
aí vem a cortina,
mas antes o sensor do alarme
que me toca
junto da tela de proteção
é ela que evita que eu pule
me desmanche no chão
ou tenha dó dos pássaros
porque voam, mas não sem coração
como os aviões e os planetas
velozes, robustos
do outro lado desse cinza anêmico
que me habilita a viver
cara-metade do mundo cruel como só
como só ele sabe ser
em disfarce
disfarçado
disfarçado de cárcere
em disfarce
disfarçado de quase
e de bom
reconto a minha lenda
num quarto de criança
bem arrumado.

enquanto um dorme
outro sonha com o passado...
mas não é mais mera nostalgia

é um retorno, mas com uma dúvida sincera:
será que isso tudo, de fato, aconteceu?
eu vivi? ou hoje é o começo?

no sorriso embranquecido
no ronco de estrondo macio
ecoam margens de um vida que parecia tão vivaz.

até ontem. quando reencontrei meu brinquedo
perdido em noite de chuva
na boca do bicho papão.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

m a n c h e t e

o acidente foi muito grave
ele viu a morte de perto
mas (não adianta)
não corre risco de viver!
tenho saudade
do último instante
quando o que eu tinha
de mais sincero
se foi
com o segundo perdido
irremediável
como a febre que
agora me consome
por não saber
reviver o suspiro
que nunca foi meu
sim do tempo
que o concebeu.
nos tempos de pseudo-famoso
e pseudo-feliz
tive uma pseudo-crença
de que tudo era assim mesmo
pseudomaticamente
perfeito
como Nicole e Pitt
(ah não Cruizes!).
Na verdade, enquanto
a verdade não existia
eu acreditava nela
tanto quanto em mim
perseguindo sua sombra
e meu rabo.
Mero sintoma de um
estado febril de
pré-natal.
e se já não rio como outrora
ao menos sei o real nome
das estrelas
(só as de Holywood, astronomia,
definitivamente, não é comigo).
nada de novo trago a lhe propor
desejo, solitude, afã, amor
mistério, riqueza, seja lá o que for

só ofereço solidão imaculada
que com carícia não se cura
com boa palavra não se cala

a efêmera presença, átomo frio no peito
hidrogênio, oxigênio rarefeito que aquece
ou finge que aquece aquele que ousa

lhe aceitar assim, sem a chama de verões
ou de lugares comuns, sem maiores anseios
do que aqueles de gelo sob incandescente sol
felizes e impuros com a sublimação.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

minha cultura é da dúvida
por isso jogo uma bola
que nunca entra em órbita
sempre terrena em terreno baldio.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

g r a v i d a d e

vôo
ao pesar das asas
vôo
apesar das asas
vôo
a pesar as asas





peso