sexta-feira, 10 de junho de 2011

antes da lua
tem uma órbita
e antes da órbita
uma atmosfera
e dentro dela, ar
e tóxicos, verbos e refrões
e antes do oxigênio tem vidro
colado nele uma grade
aí vem a cortina,
mas antes o sensor do alarme
que me toca
junto da tela de proteção
é ela que evita que eu pule
me desmanche no chão
ou tenha dó dos pássaros
porque voam, mas não sem coração
como os aviões e os planetas
velozes, robustos
do outro lado desse cinza anêmico
que me habilita a viver
cara-metade do mundo cruel como só
como só ele sabe ser
em disfarce
disfarçado
disfarçado de cárcere
em disfarce
disfarçado de quase
e de bom

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