terça-feira, 4 de setembro de 2018

antes de ser pai, estava no tempo, depois de ser pai sinto o tempo, num tênis que deixa de servir, num pêlo que nasce, numa manobra inusitada no futebol, numa piada espontânea contada num almoço qualquer. sumiram os relógios, entrei no ciclo, sentindo a dor nas costas e a finitude que se imagina eterna, toda noite querendo rasgar o peito. às vezes eu uivo, às vezes eu deito. e choro feito criança. amanheço um dia mais novo, na idade desse filho que avança até me alcançar, até me ultrapassar, provavelmente, já fora de campo.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

nessa noite de ventania e chuvisco, vi vários guarda-chuvas em pedaços, abandonados pela rua no caminho pra casa. nylon de qualidade duvidosa, latão e madeira baratos, chuva pouca, vento em desalinho. péssima qualidade de tudo visto por vista cansada. um guarda-chuva do avesso, molhado, faz mais jus a seu nome, imaginado por quem não obedece não ficar molhado.