terça-feira, 4 de setembro de 2018

antes de ser pai, estava no tempo, depois de ser pai sinto o tempo, num tênis que deixa de servir, num pêlo que nasce, numa manobra inusitada no futebol, numa piada espontânea contada num almoço qualquer. sumiram os relógios, entrei no ciclo, sentindo a dor nas costas e a finitude que se imagina eterna, toda noite querendo rasgar o peito. às vezes eu uivo, às vezes eu deito. e choro feito criança. amanheço um dia mais novo, na idade desse filho que avança até me alcançar, até me ultrapassar, provavelmente, já fora de campo.

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