quarta-feira, 30 de março de 2016
sempre que dou o beijo de boa noite nos filhos, deitados no aconchego
macio dos lençóis, lembro do mesmo beijo de minha mãe, quando pequeno, e
sinto conforto ao imaginar que eles também sentem essa espécie de
dormência segura, que se dissipa lentamente em sono profundo, ninado
pelos ecos da casa que tarda em dormir, a zelar, na paciência, na
preocupação, no divertimento adulto, os sonhos de hoje e de amanhã.
segunda-feira, 28 de março de 2016
quando volto de um feriado prolongado, após brincar muito na areia e no mar, enquanto caminho até o trabalho, recém-chegado de viagem, tenho a impressão de esquecimento, apagamento ilusório da rotina de adulto. caminho leve como se não soubesse o peso que me aguarda, de volta à rotina dos gabinetes e das burocracias de ganhar a vida. transito entre sinaleiras e pessoas amontoadas com fôlego de criança, ainda "mudo e contente do mar", em Pessoa, em pessoinha. criança etérea.
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