segunda-feira, 30 de julho de 2012

o absurdo
tem o ritmo
do caos
constante
nova ordem
aleatória

sexta-feira, 27 de julho de 2012

não
eu não escrevo
mais frequentemente
quando estou triste
em estado de mágoa
ou desamparo
é só minha morte
que ruma
e se configura
mais literária
(sem melodrama)
enquanto rabisco
em lenço enlameado
tudo que deixei
de te dizer
(cachorra!
ou seria
perdoa?)

(talvez essa seria
a diferença entre
eu e o poeta
sua expressão
mais direta
e precisa
ao que
de fato está
em voga
a universalizar-se)

ah! se eu te pego.

(pra quê tanto parêntesis?)

e tanto parente, então?

bem pior.
talvez eu seja
mais um acadêmico
com ar de neurastêmico
psicosociopata
endêmico
tantos genes
indecisos metamorfaram
meu bem viver
metamofaram sinapses
penso por fungos
mistos:
calor-umidade
nulidade-vida
Deleuze fumaria um cigarro
evitaria o olhar
ligaria para Foucault
enquanto poetas niilistas
bem que os intelectuais
tem um porque de existir
entre as espontaneidades
que vivenciam a terra em ato
e uma epifania mais
íngreme advinda
do próprio caos
da indiferença
pirei, será?
tento dormir

piscadela

e uma frase
reluta

nem se verbaliza

não há língua
a contá-la

só há sono

pestanejar

mesmo na
sobrevida
da maior
vigília
além tempo
noite fria lá fora, meu filho
não esquece o violão.

terça-feira, 24 de julho de 2012

chuva que já desce turva
ao olhar do passante
que apressado
se ressente
do passado
presente
vivido embotado
de tanta lágrima por rolar

sábado, 21 de julho de 2012

o que os apelidos com nomes de pássaros
(quero-quero, pica-pau, etc)
tem a ver com voar?

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ah decência
sua indecente...

quinta-feira, 12 de julho de 2012

a rolha argentina
encerra o vinho chileno
sabor carvalho uruguaio
frutado pitanga brasileira

sóbrio à procura de motivações...
há um ar gelado do lado de dentro
economia entre os tapetes
tento ser mais suave
há tempos não escrevo um bilhete

quarta-feira, 4 de julho de 2012

0 3 d e j u l h o



noite adentro, vinha pela sombra
navegando entre Farrapos e Santo Antonio
viola em punho
entre damas da noite
e o baixo clero das esquinas
da estação até o ap

na cabeça palavras do falangeiro
um certo nequinho a caminho
filho homem ainda em grão
futurologia da fé mística, mesmo
já que de minha natureza

passada meia-noite
terreno inóspito
mas consciente, aliviado
inspirado subindo a ladeira
Garibaldi que de rua
se transmutou em vizinhança serrana

sentado na sacada curta
tateando a lua
(como se a fosse encontrar)
umedeci os lábios para
um dos últimos brindes musicais
uma ode ao filho que acreditei já conhecer
antevendo manias e personalidades

quatro anos depois
é promessa cumprida
é vida para além da vida
muito maior do que  qualquer prova material do divino
é divindade manifesta 
em sutil fôlego de pai
este sim, milagre instalado
em corpo fadado ao solo

olhe olhe olhe olhe o jeito do menino
deixe a presença prencher o ar
amo a esperança de tua imagem
a estrela

vamos jogar
ciranda, angola, capoeira
breve, leve
o eterno de mim
tão longe

musiquei
empunhando o violão
e nova vida em filosofia
em visão de caboclo
eis