quarta-feira, 4 de julho de 2012

0 3 d e j u l h o



noite adentro, vinha pela sombra
navegando entre Farrapos e Santo Antonio
viola em punho
entre damas da noite
e o baixo clero das esquinas
da estação até o ap

na cabeça palavras do falangeiro
um certo nequinho a caminho
filho homem ainda em grão
futurologia da fé mística, mesmo
já que de minha natureza

passada meia-noite
terreno inóspito
mas consciente, aliviado
inspirado subindo a ladeira
Garibaldi que de rua
se transmutou em vizinhança serrana

sentado na sacada curta
tateando a lua
(como se a fosse encontrar)
umedeci os lábios para
um dos últimos brindes musicais
uma ode ao filho que acreditei já conhecer
antevendo manias e personalidades

quatro anos depois
é promessa cumprida
é vida para além da vida
muito maior do que  qualquer prova material do divino
é divindade manifesta 
em sutil fôlego de pai
este sim, milagre instalado
em corpo fadado ao solo

olhe olhe olhe olhe o jeito do menino
deixe a presença prencher o ar
amo a esperança de tua imagem
a estrela

vamos jogar
ciranda, angola, capoeira
breve, leve
o eterno de mim
tão longe

musiquei
empunhando o violão
e nova vida em filosofia
em visão de caboclo
eis

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