quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

eu tinha um blog que tinha um leitor assíduo, segundo as estatísticas. um e somente um. escrevi pra ele em alguns posts. o provoquei a fim de desvendá-lo. o número sempre permaneceu intacto. um leitor por postagem, um leitor por dia, um leitor... homenageei a figura, o descrevi em devaneio, assumi nossa relação em cerimônia on-line. investiguei seus rastros virtuais, de nada adiantou. era um firme, rude e fiel leitor, embrutecido e despido em linhas de menor valor.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

já não sei se o que escrevo é um poema, um slogan, uma carta enamorada. um post, uma matéria paga. um anúncio, um release, uma receita. praga, epígrafe, ata. uma despedida náufraga, folha psicografada, uma frase de para-choque, pausa. encíclica ou silêncio, encerrado na declaração de nascido morto. vivo, sofro palavras. 

sábado, 13 de fevereiro de 2016

facebook: diário íntimo, praça pública. esfinges, abutres, canalhas, mártires. ativos passivos de pupilas diluídas. carnavais, guaxinins, zicas e tretas. muambas, divórcios, favorecimentos. gravidade, ondas, estrelas. perfis lineares a sombra dos cometas. notícias lunares dos umbigos. parentes, colegas, amigos. bandidos, toga, vestidos. ricos falidos. postiços. notívagos, poetas. ventríloquos.