quinta-feira, 28 de abril de 2011

abstenção



o abismo nunca é suficiente ao pulo
e também o salto quase nunca é digno do tombo
talvez porque o assombro é sempre maior
com a fragilidade ou a paralisia
em movimento os reparos são possíveis
onde o presente é a ruína remontada do passado
numa planta fria e calculada de futuro
não nos vale o risco
como não nos vale a coragem
porque o sorriso
a vertigem a verdade e o ódio
são sempre vindouros
fogem desbaratinados do ato
preservar o pouco de espontâneo
muito menor do que legítimo
é o sonho em madrugadas fúnebres
mesmo que isso se pareça
com a sombra da fuga da lua
(oxidando cordas de um violão mudo)
rumo a um sol sempre mais eficiente
em mostrar o que só sua luz revela
ao mesmo tempo em que todo o resto esconde...
quem sabe reinventar o branco?
mas muito distante de seu sentido unívoco de paz.

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