quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tento não ser cáustico ao tomar gota e palavra por falta de sono. Mas parece que o humor sempre desafia o verbo a melancolia. Gostaria de contar futilidades sobre fraldas sujas, sorrisos efêmero-eternos, paz interior. De fato, seria indicado cultivar deus sempre assim, na imaterialidade que lhe faz presente, ou na impossibilidade da língua, profusão do gesto. Uma fé que se habilita pelas carícias com o destino ou com o desejo, conforme o rigor do inverno. Seria sensível com o próprio autor, ter a sinceridade como fundo da colheita, ou ao menos, tecê-la reverenciando frutos e não heras. O que motiva nem sempre surge do próprio umbigo, anima o espírito, ou assemelha-se a uma imagem competente. Cresce a mentira, a medida em que descrevo minha verdade, mais docemente. Em detalhes. Porque eles, de fato, não me preenchem, são pura brochura, onde o Barroco já não tem vez. E se valesse a pena, contar segredos e galardões aos que passam desavisados pelo meu mundo, eu seria um pouco menos ou pior, do que o arremedo cego de rima rica que não se quer recitada. É assim, bolsa sem alça, pesada, que despejo aleatoriamente o sentido d'eu mesmo, mas não o que vive e transborda, mas aquele que sobra. Rancoroso na origem, pela carne que deixa de adoecer diariamente, pela felicidade inenarrável que visita este mesmo corpo, fruto da impermanência, ou da dialética (como preferirem os transeuntes).

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