terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

as vezes
e muitas vezes
sinto-me exilado
em Caxias
quando
entre um cacho e outro
de boas uvas
vejo meus amigos
na tela da TvCom
vivendo
absurdamente
de arte
E tantos momentos
ridículos surgem
quando percebo
que essa ânsia
do existir
impregna tudo
tão facilmente

súbito percebo:
de que arte estamos falando, mesmo?
de que amigos?
(me orgulhei)

o exílio é tão ou mais doce que a fruta
tão ou mais ridículo
do que esse nomeado folclore
anglo-saxão ítalo-burguês
muito mais real do que músicas e teatros
pseudo-cosmopolitas do sul

o centro tem o perfume
do interior rebuscado
que se atualiza
nos delírios de grandeza
de nós
transeuntes
entre esses estados
de prosa e desamparo
pelas carências humanas

Assim, perdidos
entre as migrações
e as identidades imperfeitas
não parecemos dignos da estética
embora a dor justifique
tanta expressão
efêmera e aleatória

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