quarta-feira, 23 de abril de 2014

entre tantas coisas absurdas que acontecem na surrealidade diária do mundo do trabalho, fiquei me debatendo sobre o debate em relação à Copa do Mundo. O rito bárbaro da guerra, da disputa pela visibilidade, supremacia, dominação e competição. Ainda em Roma, Pérsia, Grécia, América Asteca. Não consigo abstrair o lirismo da luta porvir, o campo de batalhas entre a bola, a noosfera midiática, os latrocínios de reputação, os oportunismos políticos. Como opinar ante a confusão mental e a coceira no pé direito, que já calça a chuteira, que já arqueia o quadril como num rebolado matreiro de mestiçaria. A feitiçaria travessa dos que não tem dono. Dos que não tem dom. Não sei se sou hábil a frieza do raciocínio para observar de longe aquilo que tortura desde dentro, desde o mais inominável e indescritível sentimento de pertença. Jogo de palavras, jogo ao absurdo como o futebol sozinho contra o muro de cimento descascado. Talvez a fé no futuro seja como a mãe que adverte e esbraveja contra o chutar insistente da bola na parede, a romper o couro do bom tênis de ir à escola, tensa pelo barulho irritante e repetitivo do impacto, enquanto tritura um porco no feijão. É uma imagem que impacienta, irrita, mas quando superada tem sua singeleza. Sofremos de saudade eu e minha mãe. Assim como parece que não nos cruzamos mais, as possibilidades e o tempo disponível, possível. É a rotina apenas a bradar pelo apito inicial, nossa vida escorrerá antes dos 45 minutos.

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