quarta-feira, 25 de junho de 2014

passei por uma cidreira plantada num canteiro de calçada. não a colhi, só roubei o aroma. tinha certa pressa. da parada, enquanto esperava a lotação (sempre atrasada) ainda observei a touceira, seus galhos invadindo a passagem, furando olhos transitórios. transitólhos. mais tarde senti um desejo irresistível daquele chá. pedi uma xícara no bar e eu mesmo naufraguei a fronha aromática na água fervente. borbulhante. o vapor refrescou minhas lentes. desanuviou. mas quando provei não era o sabor que eu queria. acho que o desejo era duma cidreira de calçada, onde esfregaram-se os pedestres, que teve o caule cortejado pelos cachorros, as raízes roídas por ratazanas de rua. aquela cidreira mais cinza que verdejante, com um sabor peculiar do gás intransitivo dos escapamentos da cidade. cidreira com história. cidreira de carnes.

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