sempre admirei (e sempre quis ser) essa chuva miudíssima
noturna (a de molhar bobo), que só enxergamos contra a lâmpada, oscilando como
se fosse insetos desordenados pela tontura da luz. sou gotas grossas e
desengonçadas. raramente acerto o alvo, mais visível que elefante, impassível,
deselegante. sou água torrente despejada do céu como pranto ou mijo, mijo
doente de peste incurável, hereditária. sou chuva precária. migalha. navalha.
sou quase água, sou nada. chuva abafada pela secura das vestes. gota graúda que
deságua porque teima, teima e se despede. rumo ao leste, rumo aos lestes, quase
nortes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário