quarta-feira, 26 de outubro de 2011

e se
casualmente
nos encontrássemos
e depois de dois filhos
alguns desmaios
pânicos, idas e desejos
felicidade abstrata
felicidade concreta
um par de um ou bons planos
lealdade, vida comum, afeição
nos deparássemos
como num espelho
um a olhar o outro
entre rugas, marcas d'água
um pouco de cansaço
o exagero do sol
aquelas noites sem dormir
aquelas noites no bar
o cheiro inebriante de um outro
o fatalismo e a ineficiência do ciúme
se nos perguntássemos
como a si (ou a nós) mesmos
sobre amor
o que esse desbotado espelho
nos responderia
com sua boca murcha
e desfalecida
tantos sopros
tantas falências
sobre esse casualmente
acaso forte?
sem fé em escritos
destinos ou nostalgias de quinta
talvez fervêssemos
um pouco mais
nessa bruma rotina
que nos interroga tanto
obrigando, quase sempre,
a, mesmo caquéticos,
permanecer reinventando
nós.

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