domingo, 16 de fevereiro de 2014

nem sempre sou esse pai. essa estátua imaculada que substitui os caminhos. todo dia estou repleto de lodo entre os braços e não consigo nadar para lado algum. minha visão, memória, redenção, é mar, limpo, puro, azul e amplo. estamos no raso. mas isso também não tranquiliza, porque esse piso imaginário é pouco, é insuficiente, só a terra é capaz de gerar, em nossas células, a sensação aproximada, da vida, em estado puro. é algo parecido com o choque, está entre (e dentro) do sentido de reproduzir. nunca saberemos. nunca saberemos se sentimos isso, se podemos explicar algo. nunca saberemos se é possível indicar coisa alguma, baseados na ciência? no instinto? na quiromancia? olha, nem sempre sou esse pai. quase sempre sou outro muito mais distante, que tenta responder uma única questão: o que é ser pai e como é ser um ser que já não está contido somente em si? nem sempre sou esse pai, o que a definição de ser pai diz sobre o que sou?

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