Um jovem ouviu o som chamado Um Amor Supremo
uma frase repetida em fonemas lúcidos
salientada por instrumentais nervosos
tensão, desespero
falta de fôlego
Sensível desabafo de um saxofone
atrás dele um homem
à frente aquele ar embebido de graça e supremacia
O conhecimento soprado ali,
num ar repleto de cadência e ritmo,
preenchido de vida humana,
de fato era o amor
Ilustra bem teus passos para deles não restarem pegadas. Ilumina bem
teus olhos para as flechas emanarem alma. Recicla a vida em cada palavra
para não ferir o silêncio das estrelas. Combina ardor com mácula para
bastar-te. Anteceda as armadilhas para prender-te nelas
propositadamente. Lampeja de sonhos os dias para rastejar de vontade nas
madrugadas. Sana sede de mágoas, lástimas e órbitas, para sentar-te
entre os vivos na mesa das Celebrações. Incendeia as roupas novas em
função das velhas,
ateando fogo ao álcool do soberbo. Sopra feito vício pelos ouvidos
desavisados e seja tão necessário quanto o sabor do mar ao sol. Seca,
repentinamente, enquanto fonte de desapego e desilusão, pela ânsia
inumana e transitória de ilusão de existência. Clama por carinho,
carícias, Cartagos, Cartagenas, Greenwichs e Pragas. Ecoa em ti mesmo a
desigualdade de ser, a dubiedade da certeza, inutilidade da luta.
Reflita a sombra de luz e de ar, persuasões cósmicas soberanas e sacras.
Mata aos poucos o
elixir que bole todas as faunas. Retira delas cinzas. Recria as cores
habituais, sejam três ou trinta. Explica tudo e confunda por perdão aos
deuses. Mas ama jamais, sabichão, porque desvanecer é ter, de um pequeno
amor, um Amor Supremo.
14 outubro 2005
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