sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

um dia eu tive uma banda, uma boa banda, músicas iconoclastas. já faz tanto tempo, quase não sei cantar nada (mentira, canto todas de cor sempre). mais do que um grupo, era uma unidade, uma verve de criação musical, uníssono. mas múltiplo. sem ensaio, sem palavra, sem organização formal. orquestra inconsciente, composição cósmica, harmonia no silêncio dos desejos, das vontades, das pegadas instrumentais. mas éramos humanos. talvez demais. e o corpo não contemplou espíritos tão fugazes, tão livres, tão felizes musicais. vontades, egos, detalhes vitais. acabaram com o sonho, com o mundo sonoro paralelo da convivência amorosa. ficamos para a próxima, ou para nunca mais. ouvi ontem um ensaio, improvisado, mas redondo como Bach. menos, bem menos, quando sabemos que éramos nós, mortais, individualistas e seguros a ponto de abandonar os sonhos ancestrais do encontro pleno entre dó e si. entre si e nós, sem razão, só ouvido, nuca, coração. sol.

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