terça-feira, 13 de março de 2012

ela não tem a bolsa de futuros
sequer passado
sequer um gênero pensado
é o ente
na esquina da Júlio
que sorri entre dentes rasgados
e botulínicas bochechas
de araque
que talvez seja sincero
pai ou irmã de família
mas que desorienta
o herdeiro da bolsa sem futuros
que passa em meteórica
e autoexpressiva
conduta moral irretocável
paralelepípedos
testemunham
a soma das economias diversas
entre cobertas e conversas
descobrem-se
afãs
e nada explica
bocas desertas
a enfrentar rigorosos
outonos na serra
fruto da distância nominal
entre dois pontos que não se sabem
não se conhecem
(se encontram?)
as pedras contam
onde estão as veias
da cidade
por elas
só trafegam amorais
que estão em aberto
ocupam o meu o teu nome
dormem no meu ou no teu corpo
em qualquer noite dessas

e acordam

nas suas realidades absurdas
de fundos e pregões
acreditando na materialidade
da cesta básica
e da bolsa de futuros sem futuros
na humanidade cansada
e hipócrita
de nossos sonhos de ontem

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