quarta-feira, 30 de outubro de 2019


sou especialista em nada. na escola, sempre fui bem em física, educação física e português. escrevi uma redação sobre logaritmos. errei no vestibular, não fui tão profundo como deveria. especialista em coisa alguma, tenho uma vantagem: sei de basquete, regra de três, parábolas bíblicas, xadrez. mas ainda nunca sempre estou pronto para o que, de fato, preciso dominar. não sou esse especialista. dedilho um violão, estrago as unhas no contrabaixo, posso me arriscar num omelete ou num feijão. não conheço a lesão do esforço repetitivo, nada é tão permanente que me afeiçoe. na ditadura do encontrar-se, sou o doce marginal fã de labirintos. nunca desvendei, nunca achei a arca, sequer desejo o prêmio. navego ermo, madrugada adentro ou despertando cedo, muitas vezes em sequência. chimarrão e coca. vinho e eletrólitos. saúde e hedonismo. elogio a superficialidade e não tenho razão, sequer racionalidade suficiente para pertencer. ao iminente estabelecimento, fujo. embora aceite, escravo, levar a casa nos ombros como um prêmio de consolação pela energia da busca.

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