quarta-feira, 23 de junho de 2010

atualização

Diante de uma foto minha
ainda em filme,
mas expandida em tela plana
aqui, num destes campor virtuais,
pensei demoradamente...
Em quantos lugares e tempos passei
e por ali estar, habitei oportunamente
um verso de prata e metais.
Imprimindo esta minha personalidade
equidistante
entre o nada e o lugar nenhum.
Em tantas gavetas ou mundos empoeirados,
que não dizem mais nada de mim
(ou quem sabe nunca disseram).
Sorrindo por vezes,
empunhando copos por outras,
empanando perfis exagerados que só a adolescência permitiria.
Eu ali, entre outras vivências e tragos,
multiplicado em presença
e memórias.
Destempos
e esquecimentos.
Quem eu fui em tantos outros campos?
Com quem fiquei, por quem lutei?
(para aqueles que não me conheciam
e mesmo assim me guardavam, ou, pior! ainda me guardam.
ali, em seus guarda-roupas, em seus cabides fantasmas,
em seus álbuns estranhos desaparecendo)
Quem fui eu lá?
Quem sou eu aqui sem aqueles? Somado a eles?
Embrutecido sem a totalidade.
Eis que o quadro aparece aqui.
Imaterial,
em minha parede de vidro.
E estabeleço contato.
Me faz viver algo que ainda não vivi,
pois a memória que aciona está além do que consegui guardar,
como uma herança ilusoriamente plantada.
Num campo vazio, sem interior.
No árido sangue da juventude ou da beleza vicinal.
Não sou aquele, não sou este, quem?...
O sonho que ainda vibra no filme
capturado entre a câmara e a luz.
Este parece ser o ente que ainda resiste aos
esquadros da imagem multifacetária
e viva que me anima.
A desaparecer da gaveta
para dentro da tela
revisitada no eu.
(ao menos naquele que acho que conheço)
Eis..

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